Passagens estão 43% mais baratas do que há dez anos, diz associação das aéreas

Ricardo Gallo

Os preços das passagens estão 43% mais baixos do que dez anos atrás, disse a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

A posição foi dada depois de o presidente da Embratur, Flávio Dino, propor estabelecer um teto para o preço das passagens aéreas durante a Copa do Mundo.

O valor médio dos bilhetes caiu de R$ 515,43 em 2002 para R$ 294,83 no final do ano passado. Os dados são da Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil.

A queda, por outro lado, impulsionou o crescimento do número de passageiros que viajam de avião. Foram 92 milhões de passageiros transportados em 2012, segundo a Abear; dez anos atrás, eram 30 milhões.

Ainda segundo a empresa, 23% dos bilhetes vendidos em 2002 eram abaixo de R$ 300. Hoje, são 65%.

LIBERAÇÃO

Todo esse resultado, disse a Abear, só foi possível porque o governo decidiu liberar as companhias aéreas para praticar o valor que achassem razoável. Foi a chamada “liberdade tarifária”, iniciada justamente em 2002.

“Essa trajetória deixa nítidos os benefícios da livre concorrência entre as empresas do setor para a ampliação da oferta e diminuição dos preços das passagens aéreas para os consumidores brasileiros”, diz trecho de nota enviada pela entidade, que continua:

“Provas inequívocas desse avanço são a migração maciça de passageiros do transporte rodoviário para o transporte aéreo e o fato de, para destinos iguais, ser frequentemente possível encontrar passagens de avião mais baratas do que as de ônibus, bastando para isso organização e planejamento de compra”.

E a entidade entrou na questão dos preços da Copa, bem superiores aos comprados com antecedência.

“As forças de oferta e demanda que operam dentro de um ambiente de liberdade concorrencial, entretanto, permitem que pontualmente existam preços que ficam bastante abaixo ou acima da média, mas o mais relevante é sempre a análise dos valores médios em períodos mais largos de tempo.”

COMO REDUZIR

A Abear sustenta que, para os preços das passagens baixarem, requer ajuda do governo para reduzir os custos do setor.

Dois problemas são os principais:

1) a fórmula de cálculo do preço do combustível de aviação

Diz a entidade: “A absoluta maioria do combustível consumido pelas empresas brasileiras, que responde por até 40% dos custos de operação, é produzido no país e vendido pela Petrobrás, fornecedor virtualmente monopolista, como se fosse importando e por um preço 20% acima da média mundial.

2) impostos sobre o combustível

“Há um desequilíbrio nos preços do combustível para os voos internacionais e domésticos. Enquanto o primeiro é isento de impostos, o segundo é tributado em cada estado brasileiro em alíquotas que chegam a 25%. Isso torna os voos dentro do Brasil mais caros que aqueles com destino no exterior e consiste em um efetivo desestímulo para a aviação brasileira e para o turismo nacional”. Essa estrutura, sustenta a entidade, contribui para a “exportação” de turistas, empregos e divisas.

Em agosto, a Abear entregou ao governo uma relação de pedidos para “devolver a competitividade ao setor”.

TAM e Gol tiveram prejuízos bilionários em 2012. Azul e Avianca não divulgam balanços.