Preços abusivos de passagem dão margem para se discutir a volta do controle tarifário
A revelação, publicada pelo meu companheiro de blog e jornal Ricardo Gallo, de que as companhias aéreas estão cobrando preços abusivos para se voar na Copa do Mundo, era a deixa que a Embratur e alas mais estatizantes do governo precisavam para ressuscitar ideias intervencionistas de regulação de preço de passagens.
Após a reportagem, o presidente da Embratur acionou o Ministério Público e órgãos de defesa da concorrência para investigar práticas abusivas por parte das companhias.
Tudo bem que os custos disprararam e as companhias estejam precisando aumentar receitas para tentar reduzir os prejuízos bilionários provocados pela combinação de baixa demanda, alta do combustível, câmbio e aumento de tarifas aeroportuárias.
Mas nada justifica os preços revelados pela reportagem da Folha. Não é em quatro semanas, às custas do turista e do torcedor, e de suas próprias imagens, que se recupera os bilhões perdidos nos últimos um ou dois anos.
Não há lei de oferta e procura que justifique cobrar mais de 1000% pelas passagens nos dias de jogo, chegando ao equivalente de um voo para NY. Tanto é que as próprias TAM e Avianca, que estavam praticando os maiores abusos, recuaram e baixaram os preços.
Mas ainda que as companhias aéreas tenham dado margem para a volta da discussão de regulação de preços, nunca é demais lembrar que o regime de liberdade tarifária, introduzido no início da década passada, foi o grande responsável pela popularização do transporte aéreo no Brasil.
O preço médio das psassagens caiu mais de 40% na última década e o número de passageiros transportados por ano saiu de 30 milhões para quase 100 milhões.
Quem consegue se programar com antecedência, consegue efetivamente voar mais barato.
Ainda que os bilhetes domésticos superiores a R$ 1.000 rendam manchetes, na Gol, por exemplo, 50% dos 40 milhões de passageiros transportados no ano passado pagaram até R$ 199. Apenas 3% pagou mais de R$ 1.000 por um bilhete doméstico.
Ao invés da introdução de tetos ou outras medidas para regular preço de passagens, precisamos estimular o ambiente concorrencial, com uma agência reguladora atuante. Somado à pressão da opinião pública e do consumidor (se recusando a pagar preços abusivos) é isso que vai fazer a aviação crescer e mais gente viajar de avião.