Tripulantes da Azul e da Trip vão apresentar proposta alternativa de integração
Tripulantes da Azul e da Trip criaram um comitê, em conjunto com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), para tentar elaborar uma proposta alternativa de integração de carreiras para a direção da companhia.
A proposta da companhia foi rejeitada na semana passada. Após a recusa em uma assembléia que contou com a presença de quase 400 de um total de 3,5 mil aeronautas das duas empresas, a Azul declarou que teria de interromper o processo de integração. As duas companhias anunciaram fusão em maio de 2012 e já obtiveram todas as aprovações regulatórias e concorrenciais.
O único passo que falta para a integração é a aprovação de um acordo coletivo revalidando um novo modelo de remuneração para os tripulantes das duas empresas. A maioria dos tripulantes das duas empresas é a favor da integração.
A divergência está no modelo de remuneração proposto para a integração. A proposta colocada em votação na semana passada havia sido discutida durante quatro meses por representantes da empresa, do sindicato e do Ministério do Trabalho.
A empresa já vinha pagando pelo novo modelo integrado desde abril, mas vai voltar a adotar as regras antigas de cada empresas a partir de janeiro. “Não há como melhorar a proposta do ponto de vista de remuneração”, diz o diretor de recursos humanos da Azul, Johannes Castellano. “A empresa já chegou no limite.” Castellano explica que a proposta da empresa é uma combinação de benefícios de cada uma das empresas. “A empresa entende que não há perda salarial, embora dos dois lados tenha havido retirada de benefícios.”
Como exemplo de melhorias, ele cita o plano de saúde. A Azul subsidiava 85% e a Trip, 50%. Prevaleceu o modelo da Azul. O novo modelo paga variáveis por hora voada (como já fazia a Azul, mas diferentemente da Trip –que paga por quilômetro voado).
Castellano diz que o novo modelo remunera melhor do que os planos anteriores de cada uma das empresas quando a produtividade do aeronauta é maior. Para aqueles que voam pouco, o novo modelo não é vantajoso. Isso, na sua avaliação, estaria criando uma percepção de perda para alguns tripulantes.
Os trabalhadores que rejeitaram a proposta defendem uma integração que some todos os benefícios das duas empresas sem retirar nenhum de lado algum. “A acumulação de todos os benefícios é inviável do ponto de vista econômico. A conta não fecha”, diz Castellano. Uma nova reunião foi marcada para esta quinta-feira no Ministério do Trabalho, em Brasília.
“Não desistimos de tentar integrar a tripulação das duas empresas. A não integração hoje significa demissão no médio e longo prazo. Mas não queremos isso. Essa fusão foi uma fusão de crescimento, não de cortes”, disse Castellano. Para o presidente do SNA, Marcelo Ceriotti, a saída é a apresentação de uma nova proposta.
“Tudo depende da boa vontade da companhia em rever a proposta”, disse ele. O sindicato defende a remuneração por hora voada e considerou a proposta da empresa razoável. “Entendemos que a proposta era ok e a pusemos em votação. Mas o grupo está muito dividido.”
Ceriotti diz que a ideia do comitê dos trabalhadores é tentar apresentar uma proposta alternativa na própria quinta-feira, durante a reunião em Brasília.
FIM DA TRIP
Como ou sem integração, a tendência é a marca Trip desaparecer, o que pode significar demissões no médio e longo prazo.
Este foi o modelo submetido à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e aprovado. A empresa está, portanto, impedida pela Anac de ampliar as operações da Trip. Todo novo crescimento tem que se dar na Azul.
Teoricamente, não é impossível manter as duas marcas. Para isso, a Azul teria de voltar à estaca zero e apresentar um novo modelo de fusão para a Anac, com a manutenção das duas marcas. Mas a chance de isso acontecer é muito pequena pois resultaria na perda de sinergias.