Conheça os aeroportos da Copa e as principais aéreas da Rússia

A Copa do Mundo começa nesta quinta-feira (14), e para aqueles que estão com passagem comprada para a Rússia, a boa notícia é que os aeroportos do país são relativamente bem avaliados. A má é que as companhias aéreas russas ainda precisam melhorar em muitos aspectos.

O governo estima um fluxo extra de 3,5 milhões de passageiros durante a Copa nos aeroportos russos. Três deles —Sheremetyevo em Moscou, São Petersburgo e Sochi— foram recentemente premiados com um Airport Service Quality Award, baseado em uma enquete organizada pelo Airports Council International (ACI), entidade que representa os aeroportos de todo o mundo e ouviu 550 mil passageiros sobre 300 aeroportos em 80 países.

Ao contrário de alguns estádios que ficaram prontos em cima da hora, os aeroportos não provocaram grande dor de cabeça nos preparativos da Rússia para a Copa. Ainda assim, houve espaço para atrasos que não devem ter agradado o presidente russo, Vladimir Putin.

Como 10 das 11 cidades-sede ficam a oeste dos montes Urais —ou seja, na “Rússia europeia”—, não será necessário pegar voos de 12 horas (equivalente ao trecho Guarulhos-Frankfurt) para ir de Moscou a Vladivostok, no extremo leste da Rússia, por exemplo.

A maior distância de viagem é a que separa a sede mais ocidental, Kaliningrado, da mais oriental, Iekaterinburgo: 2.500 km. Não há voo direto e o mais rápido, com uma escala, leva em torno de cinco horas.

Mas nem sempre o avião é a melhor escolha. Se o voo durar menos que três horas, vale a pena considerar o trem, já que o tempo de deslocamento até o aeroporto e a antecedência para o embarque podem elevar o tempo total de um voo de 1h30min, por exemplo, para mais de três horas.

Os preços do trem, porém, podem não ser mais tão convidativos. Aéreas low-cost como a Pobeda oferecem voos de Moscou a São Petersburgo para o próximo dia 20 por cerca de R$ 250. O mesmo trecho de trem sairia por R$ 574. Se a viagem de trem durar mais que seis horas, prefira o avião.

Abaixo, seguem alguns comentários sobre os aeroportos das 11 cidades-sede e as quatro principais companhias aéreas de bandeira russa.

Moscou

A capital russa é palco da abertura e da final, uma semifinal, duas oitavas e oito jogos da 1ª fase —incluindo Brasil x Sérvia, no dia 27.

É a única cidade-sede com dois estádios na Copa e também é a mais bem servida em termos de aeroporto: são três.

O Sheremetyevo (SVO) é o mais movimentado, tendo recebido 40 milhões de passageiros em 2017. Para efeito de comparação, nosso maior aeroporto, Guarulhos, recebeu 37 milhões no ano passado.

O aeroporto é o principal hub (centro de conexões) da Aeroflot, maior aérea russa e espólio da União Soviética —repare que a logomarca da empresa ainda preserva a foice e o martelo.

Como o Brasil não possui voos diretos para a Rússia, os torcedores brasileiros provavelmente farão escala em Londres, Paris, Frankfurt, Lisboa, Madri ou Roma antes de desembarcar no Sheremetyevo.

O aeroporto deveria receber uma terceira pista que aumentaria sua capacidade de 55 voos/hora para 90. A obra, no entanto, não ficará pronta até a Copa. Segundo a imprensa local, burocracias com desapropriações e gasodutos na área foram os motivos.

Mas o aeroporto ganhou um novo terminal, o B, com linhas inspiradas na arquitetura construtivista. O custo total da modernização é estimado em US$ 305 milhões (R$ 1,1 bilhão).

O segundo maior aeroporto da capital russa, Domodedovo (DME, 30 milhões de passageiros em 2017), é o principal hub da S7 Airlines, companhia forte no segmento doméstico, mas com discreta participação no internacional.

Esse terminal, o único de Moscou operado pela iniciativa privada, também ganharia uma pista adicional, ao custo de US$ 225 milhões (R$ 833 milhões), para aumentar a frequência de pousos e decolagens. A construção estava 80% finalizada quando, em 2016, a empreiteira responsável decretou falência.

O terceiro aeroporto moscovita, Vnukovo (VKO, 18 milhões de passageiros em 2017), é usado basicamente para voos domésticos e atende países do Oriente Médio, Ásia Central e Leste Asiático. É um dos hubs da Rossiya e da low-cost Pobeda, ambas subsidiárias da Aeroflot focadas no mercado doméstico.

Comparado aos outros dois, Vnukovo é o que está mais perto do centro de Moscou —28 km ao sudeste. Sheremetyevo está a 30 km ao nordeste, e Domodedovo a 42 km ao sul.

O acesso aos aeroportos pode ser feito de três maneiras: táxi/Uber, trem ou ônibus.

O trem Aeroexpress liga cada um dos três aeroportos ao centro de Moscou, mas você provavelmente precisará fazer uma conexão com o metrô para chegar ao seu destino final. Uma vantagem são os horários fixos, que permitem uma melhor programação. De Sheremetyevo ao centro são 35 minutos, por exemplo.

A desvantagem é que o Aeroexpress só funciona das 6h à meia-noite. A passagem mais barata custa 420 rublos (R$ 24).

Além de mais demorado —a viagem de táxi de Sheremetyevo ao centro pode levar até 2 horas, a depender do trânsito de Moscou—, o táxi é certamente a opção mais cara —2.000 rublos ou R$ 120 com o carro mais simples—, e a fama dos taxistas russos não ajuda. Nos últimos anos, a Uber tem se mostrado uma opção mais confiável e barata.

No outro extremo de preço está o ônibus. Mas, se a passagem custa entre 30 e 120 rublos (R$ 1,80 e R$ 7), você também estará sujeito ao trânsito de Moscou. E os motoristas raramente falam inglês.

Moscou é servida ainda por um quarto aeroporto, Zhukovsky (ZIA), localizado na cidade vizinha de mesmo nome, mas por ser bem mais novo e menor do que os listados acima, não deve estar envolvido nas operações da Copa.

São Petersburgo (a 666 km de Moscou ou 1h45min de voo)

A segunda maior cidade russa será palco de quatro jogos da 1ª fase —um deles Brasil x Costa Rica, no dia 22—, uma partida das oitavas —que pode ser a do Brasil se ele ficar em 2º lugar no grupo—, uma semi e a disputa do 3º lugar.

Seu aeroporto, Pulkovo, é o maior fora de Moscou, que concentra metade do tráfego aéreo russo, e recebeu 16 milhões de passageiros em 2017 (equivalente ao Galeão, no Rio).

Não houve nenhum projeto de ampliação de Pulkovo, que é operado pela iniciativa privada, o que faz dele um dos aeroportos a se ficar de olho nesta Copa, já que a cidade receberá jogos de peso.

Sochi (a 1.360 km de Moscou ou 2h20min de voo)

Casa da seleção brasileira durante a Copa, a cidade às margens do mar Negro receberá quatro jogos da 1ª fase, um das oitavas e um das quartas.

Sochi tem a vantagem de ter sediado a Olimpíada de Inverno em 2014. Por isso, seu aeroporto (AER) já foi reformado para aquele evento tendo em perspectiva o Mundial quatro anos depois.

A forma mais barata de chegar ao centro da cidade, a 28 km do aeroporto, é de ônibus: 14 rublos (menos de R$ 1) por uma viagem de uma hora e meia.

O trem elétrico leva mais tempo (duas horas e meia) e custa mais caro (184 rublos ou R$ 11).

Se você chegar a Sochi à noite, o táxi será sua única opção de transporte até o centro. O percurso leva 45 minutos, mas a viagem custa cerca de 1.100 rublos (R$ 65).

Samara (a 862 km de Moscou ou 1h40min de voo)

Receberá quatro jogos da 1ª fase, um das oitavas —que pode ser do Brasil se ficarmos em 1º lugar no grupo— e um das quartas —que também pode ser da seleção se ela ficar em 2º no grupo e passar pelas oitavas.

Localizado a 33 km do centro, o aeroporto Kurumoch (KUF) teve um novo terminal inaugurado em 2015. O ônibus Airport Bus é a maneira mais rápida (uma hora) e barata (23 rublos ou R$ 2).

De trem, você leva pouco mais de uma hora e gasta 168 rublos (R$ 10). Os preços do táxi variam de 1.200 a 1.500 rublos (R$ 70 a R$ 90) e a viagem dura cerca de 45 minutos.

Kazan (a 721 km de Moscou ou 1h35min de voo)

Capital dos tártaros, Kazan sediará quatro jogos da 1ª fase, uma partida das oitavas e uma das quartas —que pode ser do Brasil se ele passar em 1º no grupo e vencer nas oitavas.

Seu aeroporto (KZN) fica a 24 km do centro e é facilmente acessado por uma linha de trem. A viagem leva cerca de 30 minutos e custa 40 rublos (R$ 3).

O ônibus não é tão vantajoso, pois custa mais (67 rublos ou R$ 4) e também demora mais (40 minutos). O táxi é o mais rápido (22 minutos), mas também o mais caro (550 a 650 rublos ou R$ 30 a R$ 40).

Renovado em 2013, o aeroporto não passou por grandes obras para receber a Copa.

Rostov (a 959 km de Moscou ou 1h55min de voo)

Palco de quatro jogos da 1ª fase —entre eles a estreia do Brasil contra a Suíça— e um jogo das oitavas, Rostov (ROV) tem o único aeroporto inteiramente construído para a Copa e um dos mais modernos.

A cidade peca, porém, por não dispor de trem até o centro. A viagem de ônibus leva 50 minutos e custa 95 rublos (R$ 6).

De táxi, o trajeto leva aproximadamente 35 minutos, mas custa entre 1.000 e 1.300 rublos (R$ 60 a R$ 80).

Nijni Novgorod (a 403 km de Moscou ou 1h10min de voo)

Receberá quatro jogos da 1ª fase, um das oitavas e um das quartas de final.

O aeroporto Strigino (GOJ), inaugurado em 1923, é um dos mais antigos da Rússia. Mas não se preocupe, ele foi totalmente reformado em 2015.

Apesar de estar a cerca de 22 km do centro, seu acesso via transporte público não é dos mais fáceis. Geralmente é preciso pegar um ônibus e um trem, e o trajeto pode levar até uma hora. A passagem sai por cerca de 67 rublos (R$ 4). Bem mais rápido, um táxi leva aproximadamente 28 minutos. A viagem fica entre 650 e 800 rublos (R$ 40 a R$ 50).

Saransk (a 489 km de Moscou ou 1h30min de voo)

Palco de quatro jogos da 1ª fase, Saransk —menor cidade da Copa, com 300 mil habitantes—, deve muito ao seu aeroporto (SKX) o fato de ter sido escolhida uma das 11 sedes.

Ela acabou desbancando Krasnodar, cidade com 750 mil habitantes e maior tradição futebolística, porque tinha um aeroporto já em vias de renovação.

Localizado a cerca de 7 km do centro, o aeroporto é de fácil acesso. O ônibus leva cerca de 10 minutos por 20 rublos (R$ 2). O táxi leva praticamente o mesmo tempo, mas custa entre 350 e 420 rublos (R$ 21 e R$ 26).

Volgogrado (a 914 km de Moscou ou 1h45min de voo)

A antiga Stalingrado receberá apenas quatro jogos da 1ª fase. A cidade inaugurou um aeroporto (VOG) reformado em maio deste ano, com direito a novo terminal.

A inauguração poderia ter ocorrido antes não fosse a descoberta, durante as obras, de bombas intactas datadas da Batalha de Stalingrado (1942-43), ponto de virada da Segunda Guerra Mundial.

Os cerca de 24 km que separam o aeroporto do centro podem ser feitos de três maneiras. O trem recém-inaugurado leva cerca de 30 minutos e custa 40 rublos (R$ 3). Mais barato (14 rublos ou R$ 1), o ônibus demora até 50 minutos.

De táxi, você leva aproximadamente 15 minutos, mas desembolsa entre 370 e 450 rublos (R$ 23 a R$ 28).

Kaliningrado (a 1.095 km de Moscou ou 2 h de voo)

Também sede de quatro partidas da fase de grupos, é a cidade mais a oeste nesta Copa —na verdade, um enclave situado entre Polônia e Lituânia. Por isso, se você viaja da Rússia, o avião é a única opção viável.

Totalmente modernizado para a Copa, o aeroporto Khrabrovo (KGD) é um daqueles que ficou pronto em cima da hora.

Distante 23 km do centro da cidade, ele pode ser acessado via ônibus (36 minutos, 43 rublos ou R$ 3) ou por táxi (22 minutos, 600 a 750 rublos, R$ 35 a R$ 50).

Iekaterinburgo (a 1.770 km de Moscou ou 2h20min de voo)

Única cidade-sede da “Rússia asiática”, isto é, localizada a leste dos montes Urais, vai receber quatro jogos da 1ª fase.

A posição quase central no território russo faz de Koltsovo (SVX) uma das prioridades da estatal que administra a grande maioria dos aeroportos da Rússia. Com 5,4 milhões de passageiros em 2017, foi o sexto mais movimentado do país.

O ônibus é a forma mais barata para se vencer os cerca de 20 km até o centro de Iekaterinburgo: 28 rublos ou R$ 2, mas a viagem pode levar mais de uma hora.

Um pouco mais caro (56 rublos ou R$ 4), o trem leva aproximadamente 45 minutos. De táxi, esse tempo cai para menos de 20 minutos, mas o preço salta para 650 a 800 rublos (R$ 40 a R$ 50).

COMPANHIAS AÉREAS

Boeing 777-300ER da Aeroflot pousa no Sheremetyevo, em Moscou (Foto: Maxim Shemetov/Reuters)
Boeing 777-300ER da Aeroflot pousa no Sheremetyevo, em Moscou (Foto: Maxim Shemetov/Reuters)

Aeroflot

Fundada em 1923, nos primeiros anos da União Soviética, a Aeroflot é uma das companhias aéreas mais antigas do mundo. Seu hub é o Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou.

Com a queda do comunismo e o fim da URSS, passou de um regime inteiramente estatal para um semiestatal —51% de suas ações ainda são de propriedade do governo russo.

O padrão, porém, melhorou consideravelmente depois que a empresa passou a utilizar aeronaves ocidentais como Boeings e Airbus.

Os jatos Sukhoi são os únicos de fabricação local atualmente operados pela empresa, cuja frota tem mais de 230 aeronaves, a maioria Airbus da família A320, mas com alguns widebody (fuselagem larga) como o Boeing 777.

O Skytrax, considerado o Oscar da aviação, classifica a Aeroflot com quatro estrelas. A empresa tem notas razoáveis em todos os quesitos, de comida a entretenimento, conforto no assento e serviço de bordo.

A empresa integra a aliança SkyTeam, a mesma de Air France, KLM e Delta, entre outras. Mas o passageiro não conseguirá acumular milhas voando Aeroflot em nenhum programa de milhagem brasileiro.

Airbus A320neo da S7 Airlines (Foto: Wikimedia Commons)
Airbus A320neo da S7 Airlines, a segunda maior aérea russa (Foto: Wikimedia Commons)

S7 Airlines

Com foco no mercado doméstico, a S7 Airlines (o S vem de Siberian) é hoje a segunda maior companhia da Rússia. Seus hubs são os aeroportos Domodedovo, em Moscou, e Tolmachevo, em Novosibirsk.

A empresa atual foi fundada em 1994, ou seja, já depois da dissolução da URSS, mas suas origens remontam aos anos 1950.

Com uma frota de 80 aviões, a maioria Airbus, a S7 vem expandindo sua malha nos últimos anos e é avaliada pelo Skytrax como uma companhia três estrelas, com boas notas em serviço de bordo e conforto, mas nem tão boas em entretenimento durante o voo.

Vale lembrar, porém, que a S7 é a única companhia russa que rende pontos em um programa de milhagem brasileiro, pois S7 e Latam fazem parte da aliança Oneworld.

Boeing 737-800 da Rossiya, subsidiária da Aeroflot
Boeing 737-800 da Rossiya, subsidiária da Aeroflot (Foto: Wikimedia Commons)

Rossiya

A terceira maior aérea da Rússia nasceu independente, em 1992, mas acabou engolida pela Aeroflot há oito anos em uma manobra do governo russo para melhorar as contas da empresa-mãe.

Hoje subsidiária voltada ao mercado doméstico, com alguns poucos voos internacionais, a Rossiya conta com uma frota de 60 aeronaves, a maioria jatos narrowbody (fuselagem estreita) como Airbus A319, A320 e Boeing 737.

O aeroporto Vnukovo, terceiro maior de Moscou, e São Petersburgo são os principais hubs da Rossiya.

A companhia é a russa pior avaliada pelo Skytrax, com apenas duas estrelas. Seu entretenimento de bordo é especialmente mal avaliado.

Boeing 737-800 da Pobeda, subsidiária low-cost da Aeroflot
Boeing 737-800 da Pobeda, subsidiária low-cost da Aeroflot (Foto: Wikimedia Commons)

Pobeda

Outra subsidiária da Aeroflot, a Pobeda (vitória, em russo) é uma das low-cost que inundaram o mercado russo na última década.

A companhia, fundada em 2014, é a reencarnação de outra low-cost da Aeroflot, a Dobrolet, criada em maio daquele ano com foco na Crimeia, região da Ucrânia anexada pela Rússia meses antes.

O processo, criticado no Ocidente, levou a União Europeia a impor sanções econômicas que afetaram a Dobrolet, que teve suas operações suspensas pela Aeroflot.

Vnukovo, em Moscou, é o hub da Pobeda, que hoje opera uma discreta frota de 20 Boeings 737.

A companhia não é avaliada pelo Skytrax, mas notas dadas por passageiros indicam um serviço de bordo que deixa a desejar.