‘Mini A350’, A330neo da TAP visita Brasil em voos de teste

Ainda ostentando o cheiro de avião novo e uma fuselagem de pintura impecável, o primeiro A330neo do mundo fez uma breve visita ao Aeroporto Internacional de Guarulhos na última sexta-feira (22). Ele também passou pelo Galeão, no Rio, e Recife.

A TAP, que é a cliente de estreia do modelo, deve operar a aeronave na rota São Paulo-Lisboa a partir de outubro. A Folha esteve em dos voos de teste do modelo.

Até o fim deste ano, a aérea de Portugal espera receber 7 dos 21 A330-900 encomendados em novembro de 2015, depois de desistir do pedido original de 12 A350 em meio à reestruturação promovida na companhia com a chegada do consórcio Atlantic Gateway, que tem entre seus integrantes o fundador da Azul, David Neeleman.

Em um movimento semelhante ao que fez a Azul quando trocou seus pedidos de A350 para A330neo, a TAP entendeu que não fazia sentido ter um avião com alcance de 15 mil km com uma operação focada nas Américas, onde um modelo que faz até 13,3 mil km é o suficiente.

Além disso, os custos operacionais de leasing para o A350 giram em torno de US$ 1,4 milhão por mês (R$5,3 milhões), enquanto o A330neo fica em US$ 800 mil mensais (R$ 3 milhões).

Ao contrário do A330neo, que atualiza o A330 lançado há 24 anos, o A350 é um projeto inteiramente novo pensado para o mercado de aeronaves entre 280 e 366 passageiros.

Logo, a estratégia da Airbus foi vender o A330neo, que leva de 257 a 287 passageiros e tem várias melhorias lançadas primeiro no irmão maior, como um “mini A350”.

O design reforça isso, com a adoção da máscara negra do A350 no pára-brisa e os novos sharklets —a pontinha da asa—, que otimizam a aerodinâmica do avião. A própria asa tem curvatura bem mais suave que a do A330 que se vê hoje nos céus.

Os novos motores Trent 7000 da Rolls-Royce, que também têm tecnologia derivada do A350 e são mais silenciosos, permitem redução de 11% no consumo de combustível frente aos atuais A330 —aliás, o neo vem de New Engine Option (nova opção de motor).

Por dentro, encontra-se a mesma cabine Airspace inaugurada com o A350 em 2015, com bagageiros internos 66% maiores do que o atual A330.

Airbus A350 em voo com caças britânicos em 2016 (Foto: Peter Nicholls/Reuters)
Airbus A350 em voo com caças britânicos em 2016 (Foto: Peter Nicholls/Reuters)

Desde o lançamento do programa A330neo, em 2014, a Airbus recebeu 214 pedidos do -900, menos do que o esperado na época. A variante menor, o -800neo, segue sem compradores, depois que seis pedidos foram cancelados.

A fabricante europeia, porém, aposta na janela de renovação de frotas dos primeiros A330 e A340, que já completaram 20 anos, além do Boeing 767, que tem o mesmo porte e foi introduzido em 1982, e do 777-200, a menor versão desse jato da Boeing. Segundo a Airbus, cerca de cem A330 em operação atualmente terão mais de 20 anos até 2020.

No portfólio da TAP, o A330neo vai permitir uma possível expansão até a Costa Oeste dos Estados Unidos, ligando Lisboa a San Francisco, por exemplo.

A companhia portuguesa tem ainda 14 encomendas do novo A321LR (Long Range), uma atualização do A321 que permitirá voos de Lisboa à Costa Leste dos EUA. Vale lembrar que, enquanto A330neo e A350 são aviões de fuselagem larga (widebodies, com dois corredores centrais), o A321 tem fuselagem estreita (narrowbody, com apenas um corredor).

Em tempo, a Azul espera receber seu primeiro A330neo até o fim deste ano, tornando-se a primeira aérea brasileira a operar o modelo.