Primeiro Boeing 737 MAX do Brasil inicia voos neste mês pela Gol
A Gol já recebeu seu primeiro Boeing 737 MAX, com previsão de entrada em operação ainda neste mês. Será o primeiro MAX de uma companhia brasileira. Na América do Sul, a Aerolíneas Argentinas foi, em 2017, a primeira a operar a nova versão da família 737, o jato comercial mais vendido do mundo.
As diferenças visuais mais marcantes —ainda assim discretas para aqueles menos familiarizados com aviões— ficam por conta dos winglets divididos em dois e do desenho da carapaça dos motores, que termina em “dentes” como no irmão maior 787.
Os winglets são prolongamentos que melhoram a aerodinâmica da asa, reduzindo o consumo de combustível. Este, aliás, é cerca de 13% menor em relação ao anterior 737 NG (New Generation), segundo a Boeing.
O diretor de ativos aeronáuticos da Gol, André Cruz, afirmou à Folha que a Gol espera operar seis MAX até dezembro deste ano. Ao todo, foram encomendados 120 aviões com previsão de entrega até 2028.
A companhia é a maior operadora de Boeings na América Latina, com uma frota de 118 737 —27 da versão menor -700 e 92 -800.
O novo avião será usado principalmente nas novas rotas internacionais da Gol para Miami e Orlando, nos EUA, saindo de Brasília e Fortaleza a partir de novembro.
Antes, porém, será testado em algumas das rotas longas da companhia, como Guarulhos-Recife e Guarulhos-Punta Cana, na República Dominicana.
Segundo Cruz, a rota Brasília-Orlando será a mais longa de um 737 MAX no mundo, com um voo de oito horas. O MAX tem uma autonomia de 6.150 km, ganho de até 1.075 km em relação ao modelo anterior.
No interior, a principal diferença notada pelos passageiros será nos compartimentos para bagagem de mão, os chamados “bins”.
“O MAX vai ter o que chamamos de big bin, com pivotamento diferente do atual que vai permitir colocar a mala de mão em pé, em vez de deitada. Isso vai nos permitir pelo menos mais 46 malas de mão a bordo da aeronave”, afirmou Cruz.
O executivo da Gol citou ainda o aumento das galleys, espaços na dianteira e na traseira do avião onde são armazenados suprimentos e onde a tripulação prepara as refeições.
“As galleys têm que ser capazes de suportar um serviço quente e um café da manhã, que é um pouco diferente do perfil de voo que temos hoje. As galleys, tanto a dianteira quanto a traseira, foram readequadas, e pro MAX temos a G2. É uma segunda galley de frente pra principal, no lado direito de quando você entra no avião.”
Com capacidade para 186 passageiros, o MAX da Gol terá as cinco primeiras fileiras com espaço maior entre os assentos, como ocorre hoje no Gol + Conforto, que pode ganhar outro nome para diferenciar os novos serviços internacionais da companhia.
O pitch (distância entre assentos) terá as já conhecidas 33 polegadas nessas fileiras premium e 29/30 polegadas na econômica. Segundo Cruz, os novos bancos slim, mais finos e de couro, aumentam a sensação de espaço. “Você senta em uma poltrona com pitch 29 ou 30 mas tem a sensação de estar sentando numa 30 ou 31.”
Falando em espaço, um ponto sensível no lançamento do MAX no exterior, no ano passado, foi o tamanho dos banheiros, que foram reduzidos. Reclamações de tripulantes da American Airlines e da Ryanair, duas companhias que já operam o avião, causaram desconforto.
O executivo da Gol disse não ver mudança significativa no tamanho do banheiro e afirmou que a média de estatura do brasileiro é menor se comparada à média europeia e americana.
O MAX 8 é a segunda menor versão da família MAX, que vai do modelo 7 (138 a 153 passageiros) até o 10 (188 a 204), que tentará preencher o vácuo deixado pelo fim do 757 no mercado de aviões médios.
No mercado de aeronaves menores, usadas principalmente na aviação regional, a parceria fechada com a Embraer formalizada nesta quinta-feira (5) dá ao portfólio da Boeing um ativo importante no mercado de aviação regional, que usa aeronaves menores como as brasileiras.
O E195, maior modelo da Embraer, acomoda entre 120 e 146 passageiros, enquanto o menor, E175, entre 80 e 90.
A aliança foi uma reação à compra pela europeia Airbus da divisão de jatos C-Series da canadense Bombardier, principal concorrente da Embraer.