Voo para Petrolina sai mais caro do que ir para Dubai
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ATUALIZAÇÃO ÀS 17H35 — LEIA AQUI: Esmagadora maioria das passagens tem preços convidativos, diz Abear
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A dica veio do leitor da Folha Edson Duarte, pedagogo.
Edson é de Juazeiro, na Bahia, e tentou comprar passagem para a família viajar na Semana Santa entre Brasília, onde ele vive atualmente, e Petrolina –que fica em Pernambuco mas está a poucos quilômetros da cidade natal.
“A nossa surpresa e espanto veio quando resolvemos pesquisar preço das passagens”, disse. Os bilhetes para quatro pessoas (ele, a mulher, um filho de três anos e outro de três meses) saía a cerca de R$ 13 mil reais.
Fui pesquisar e era isso mesmo: a ida e a volta saíam a R$ 12.909,98, ou em dez vezes de 1.290,99, com taxas incluídas. O voo dura seis horas e tem três escalas.
Uma busca rápida na Emirates revela que ida e volta a Dubai, nos Emirados Árabes, sairia por R$ 9.404, com taxas –27% a menos do que o valor praticado pela Azul.
A distância entre Brasília e Petrolina é de mil quilômetros, em linha reta. Aquela entre Guarulhos e Dubai é muito maior: 12 mil km.
Ir a Nova York pela Air Canada, para toda a família, custa R$ 7.632,25.
“Está na hora de se tomar providências em relação aos preços cobrados por viagens domesticas pelas empresas aéreas”, disse ele.
Aqui cabe uma ponderação: voos internacionais têm benefício e pagam menos pelo litro do combustível para voar. A Mariana Barbosa, minha colega de blog, explica isso bem em uma reportagem da Folha de 2012, que você lê clicando aqui.
OUTRO LADO
Procurada pelo blog, a Azul –companhia de baixo custo e baixa tarifa– não respondeu diretamente por que cobra quase R$ 13 mil para quatro pessoas.
A empresa afirmou que “os preços praticados nas passagens aéreas variam de acordo com alguns fatores importantes”.
“São eles: origem ou destino em questão, sazonalidade, compra antecipada, variação no valor do combustível, entre outros. Esses fatores fazem com que as tarifas sejam bastante dinâmicas em todos os mercados.”
Segundo a Azul, as melhores tarifas são encontradas quando o consumidor compra com antecedência de 21 dias.
Edson pesquisou a compra para abril –portanto, mais de 21 dias antes.
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PONDERAÇÃO AO DEBATE
O leitor Luiz dá um outro ponto de vista à discussão. Achei pertinente e vou compartihar:
“Ricardo, há que se ponderar outras questões.
Primeiro, o voo da Azul não é Brasília-Petrolina direto, e sim Brasília-BH/Confins-Campina Grande-Petrolina. Isso dá mais ou menos 2.900 quilômetros.
Outra: na Avianca o voo direto saindo de BSB no dia 18 e voltando de PNZ no dia 21/04 dá R$ 4.720,50 (incluindo taxas de embarque) para 2 adultos e 2 crianças.
Além disso, trata-se de um voo com conexões que envolve uma rota de altíssima demanda (BSB-CNF) e outras de média/baixa demanda (CNF-CPV; CPV-PNZ), em período de feriado.
No Brasil, ao contrário de países mais desenvolvidos, voos com conexões tendem a ser mais caros que voos diretos, justamente pq há uma média de ocupação mais alta, pouca competição, forte demanda reprimida e não há motivos para disponibilizar assentos a um preço pouco maior que o custo marginal.
Em outras palavras, ele quer fazer 3 trechos em que as empresas podem, em cada um, cobrar passagens caras de passageiros individuais… melhor pegar o voo direto da Avianca.
Por fim, o combustível é um fator que influencia sim, especialmente pelo elevado ICMS, mas não é o principal motivo do aumento dos preços de passagens.
O principal motivo é a baixa competição no mercado.
A solução? Aumentar o limite de participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas, hoje em 20%, para até 100%. Não estou falando em cabotagem de empresas internacionais, e sim que investidores estrangeiros possam criar empresas aéreas no Brasil. Só com maior competição será possível forçar a curva de preços pra baixo.”